Investimentos em fundos de índice quase dobram no País
Os investimentos nos fundos de índice ETFs, carteiras listadas em bolsa que reproduzem ativos, quase dobraram nos últimos 12 meses no Brasil até fevereiro, para R$ 15 bilhões em patrimônio. No início de 2018 eram R$ 8 bilhões e em 2017 estavam em R$ 4,4 bilhões.
Apesar do crescimento das aplicações no Brasil, um estudo da BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, e do banco francês BNP Paribas mostra que o mercado local ainda é pequeno na comparação internacional e com a própria indústria brasileira de fundos. Assim, tem potencial de seguir em expansão forte nos próximos anos.
Fundos de índice ETFs podem ampliar investimento brasileiro no exterior. Foto: NYSE
Além disso, os aportes dos brasileiros em ETFs negociados nas bolsas dos Estados Unidos e Europa podem crescer cinco vezes se o País seguir as médias de outras economias latino-americanas, como o México e o Chile.
O mercado de ETF de ações chegou a US$ 3 trilhões em ativos no mundo. Mas os brasileiros estão apenas começando a investir nestes ativos, mostra o estudo. “O Brasil está em um ponto de inflexão no mercado de ETF”, destaca o responsável por vendas e serviços na América Latina do BNP, Andrea Cattaneo.
O México é o maior mercado da América Latina para os fundos de índice, de US$ 60 bilhões, isso para uma indústria de gestão de recursos de US$ 350 bilhões, um terço do tamanho da brasileira.
O responsável para a América Latina e Ibéria da BlackRock, Nicolas Gomez, faz um cálculo para mostrar o potencial dos investidores brasileiros aportarem recursos em ETFs lá fora. Ao contrário do México, os brasileiros investem muito pouco no exterior, menos de 2% do total de recursos da indústria de fundos do País. Se esse número subir para 15% ou 20% nos próximos cinco anos, os brasileiros poderiam aportar US$ 200 bilhões lá fora. E se, como é a média da região, 30% desses aportes forem feitos por meio de ETFs, os recursos nessas aplicações somariam US$ 60 bilhões.
“Investidores brasileiros estão apenas começando a investir no exterior”, afirma Gomez. Por conta das altas taxas de juros do passado recente no País, além de uma legislação que impede a oferta de fundos estrangeiros aqui, os investidores preferiam investir em ativos locais, principalmente na renda fixa.
“Agora, com a queda dos juros, e mais a depreciação do real, os investidores estão avaliando mais os riscos de seus portfólios, de ter tudo ligado apenas à economia brasileira”, disse o executivo. “Estamos em um ponto de inflexão, onde os investidores brasileiros começam a querer diversificar investindo no exterior, expondo a ativos lá fora.”
O executivo da BlackRock lembra que os chilenos investem no exterior desde os anos 1980 e os mexicanos, colombianos e peruanos aplicam desde o começo dos anos 2000.
“A diversificação internacional no Brasil ainda está no começo”, destaca Gomez. Por isso, o maior crescimento no investimento de ETF deve ser nas carteiras domiciliadas nos Estados Unidos e Europa e que dão exposição internacional ao brasileiro”, completa o executivo.
Quando se avalia apenas o mercado local – de ETFs listados na B3 – o Brasil tem um dos mercados mais líquidos da América Latina, observam os executivos. O País tem 16 ETFs listados na B3 e os volumes negociados por dia dessas carteiras chegam a R$ 400 milhões.
Investidores estrangeiros têm vindo aportar nessas carteiras, para ter, por exemplo, exposição ao índice Ibovespa. Cattaneo, do BNP, destaca que o giro hoje é quase três vezes maior do que era em 2017 e duas vezes maior do que em 2018.